Materializações de espíritos
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O conhecimento que temos a respeito do universo, de nosso mundo e de nós mesmos é extremamente limitado. Segundo André Luiz, conhecemos apenas a oitava parte do que ocorre ao nosso redor. Então, se desconhecemos a essência, a finalidade e a causa da maioria das coisas que vemos, como conheceremos aquilo que não vemos? E as energias sutis do espírito estão nesse rol imensurável e desconhecido para nós, seres humanos limitados.

 

Ao retomarmos um estudo feito por André Luiz, deparamos com sua afirmação de que tudo emana do "plasma divino", que, conforme os ensinamentos superiores compilados por Allan Kardec, é o fluido cósmico universal. Ou seja, é o princípio elementar de tudo que existe, um único elemento material dando origem a tudo, o fator básico da criação, como nos relata o espírito Galileu no livro A Gênese. O fluido cósmico universal é uma matéria cósmica primitiva que vai do incomensurável ao mensurável, da invisibilidade à visibilidade e do ponderável ao imponderável dependendo da forma, do estado e da dimensão em que se encontra, sendo detectável ou não para nossos sentidos humanos.

As energias sutis são matéria quintessenciada, não detectáveis nesta terceira dimensão em que estamos, ou seja, são imperceptíveis aos nossos olhos. Porém, causam impacto na estrutura de nosso organismo tanto quanto o raio x, por exemplo, constituído por partículas subatômicas que penetram na intimidade de nosso corpo, fotografando-o interiormente, sem que sejam percebidas pelos sensórios terrenos.

Teoria das manifestações

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec compilou algumas explicações do espírito São Luís sobre a teoria das manifestações físicas. Ele disse que o que anima a matéria ou os objetos que se movem, bem como o que materializa os espíritos, é uma combinação do fluido cósmico universal com o fluido perispiritual do próprio médium e o fluido do perispírito de espíritos mais ligados à matéria, ou seja, menos evoluídos. Essa composição fluídica "anima" a matéria, envolvendo os objetos entre o espaço molecular e penetrando igualmente os corpos, como um imenso oceano.

A vontade do espírito coordenador do fenômeno conduz o movimento dos objetos, por isso, ela é a causa do fenômeno, enquanto que a mescla de fluidos é o veículo condutor deste. Imaginemos, por exemplo, um espírito materializado que escreve ou toca piano. Ele deita seus dedos sobre as teclas, porém, não é sua "força muscular" que as impulsiona. Na verdade, é o fluido que as anima, interpondo-se no espaço entre as moléculas da matéria de que é composto e acatando a vontade do espírito.

Com as "mesas girantes" acontece o mesmo. Não é o espírito que as levanta e gira, mas são elas que se animam com uma vida fictícia ou artificial, movendo-se pelo impulso mental que o espírito lhes dá.

 

O ectoplasma

Em Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz nos descreve um de seus aprendizados sobre o assunto, quando observou uma sessão de materialização ocorrida aqui na Terra, cujos indícios nos levam a acreditar que tenha sido com o médium Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho.

Ele nos conta que, durante esse fenômeno especialíssimo, o médium é desdobrado e afastado do corpo, semelhante a um desencarne. "Assim prostrado, sob o domínio dos técnicos de nosso plano, começou a expelir o ectoplasma, pasta flexível à maneira de uma geléia viscosa e semilíquida, através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais, particularmente a boca, as narinas e os ouvidos, com elevada porcentagem a se exteriorizar igualmente do tórax e das extremidades dos dedos", explica. Esse fluido condensado era de uma alvura extraordinária, ligeiramente luminosa, comparável à clara de ovo, com um cheiro característico e indescritível.

Dessa forma, o médium começa a se desmaterializar. Por sua vez, o ectoplasma, definido na biologia como a parte periférica do citoplasma celular e, na parapsicologia, como a substância visível que emana do corpo de certos médiuns, envolve o perispírito do espírito a ser materializado como peças de tecido leves e finos ou interpenetra os objetos, dando-lhes forma e movimento. O fenômeno independe das qualidades morais e do caráter do médium, pois são emanações psicofísicas das quais o citoplasma é uma das fontes de origem. Portanto, o fato do médium fumar, beber, ingerir drogas ou abusar da alimentação inadequada não faz com que seja mais ou menos apto, mas influencia pelas toxinas que contaminam o ectoplasma a ponto de prejudicar o organismo dele próprio.

Como exemplo, temos os ensinamentos dos espíritos envolvidos no caso do médium Peixotinho, que sempre alertavam acerca dos vícios, classificando-os como uma escolha para a mediunidade, com conseqüências nefastas e tóxicas para o médium. Em muitas reuniões realizadas pelo grupo dele e que não tiveram êxito, a explicação foi de que os resíduos que impregnavam o organismo do médium, decorrentes desses vícios e da alimentação inadequada, não propiciaram o efeito desejado sem atingir com gravidade o corpo físico dele. Os espíritos falavam e ensinavam com brandura, mas eram enérgicos e severos com relação à participação de pessoas com esses vícios e do próprio médium nas reuniões. Até mesmo o toque nesse fluido condensado por uma pessoa estranha ao fenômeno, quando não planejado pelo espírito coordenador, pode levar o médium a sofrer conseqüências gravíssimas, como aconteceu com o próprio Peixotinho, ou mesmo ao desencarne, tamanha a seriedade e complexidade da manifestação.

 

Materializações luminosas

Segundo o dicionário, este termo se refere à individualização de uma forma pela matéria, à atribuição de qualidades desta para algo (no caso, o espírito) ou à manifestação do espírito sob forma material, tornando-o corpóreo. Indica ainda um tipo especial de mediunidade, no qual ocorre o fenômeno da corporificação de espíritos pelo ectoplasma do médium.

Diante de diversas obras sobre o assunto, nas quais os autores analisaram o fenômeno por anos a fio, de forma fria e racional, podemos concluir que ele apresenta um tipo de ocorrência padrão, em que sempre há a participação do médium que apresenta tal faculdade mediúnica, das demais pessoas que assistem e auxiliam materialmente na realização do fato, de um ou mais espíritos evoluídos que coordenam a elaboração espiritual do fenômeno e de algumas entidades com caráter menos elevado e maiores ligações com o mundo material.

Algumas dessas materializações chegam a ter uma intensa luminosidade, que chega a desafiar qualquer pensamento de incredulidade a respeito do fenômeno. Isso ocorre devido à grande quantidade de fosfato de lecitina que o médium apresenta em seu organismo. Por isso, em certas ocasiões, o famoso médium Peixotinho era orientado pelos espíritos a comer muito peixe, alimento que possui essa substância.

O fenômeno através dos tempos

Se analisarmos a história da humanidade através dos tempos, certamente teremos elencados muitos casos de manifestação da mediunidade de efeitos físicos antes mesmo que ela fosse assim denominada e compreendida, uma vez que, antigamente, era considerada um fenômeno sobrenatural. Nos dias de hoje, à luz do Espiritismo, podemos compreendê-la melhor e explicá-la cientificamente.

Em seu livro Pensamento e Vontade, Ernesto Bozzano nos ensina que a substância ectoplasmática já era conhecida pelos alquimistas do século XVII, como Paracelso, que a denominou como "mysterium magnum", e Thomas Vaogan, que a chamou de "matéria prima". Emmanuel Swedenborg, um dos precursores do Espiritismo, também realizou experimentos de ectoplasmia, além de outros importantes pesquisadores científicos, como o dr. Gustav Geley, que descreveu essas manifestações no livro Do Inconsciente ao Consciente, Hartmann, Aksakof, Du Prel e Albert de Rochas, que baseou suas conclusões nas experiências realizadas com a também famosa médium Eusápia Paladino.

Outro caso interessante de materialização de corpo humano exercida por uma entidade inteligente e com o auxílio da posse temporária do corpo fluídico exteriorizado foi observado e pesquisado exaustivamente pelo cientista inglês William Crookes por volta de 1870. Por mais de 30 anos, ele estudou a manifestação do espírito Katie King através de uma médium chamada Florence Cook, apresentando diversos fenômenos, como levitação, escrita, materialização etc.

Mais recentemente, por volta da década de 40, Fábio Machado, um médium que morava em Belo Horizonte (MG), produzia fenômenos de materialização. Através dele, ocorriam as mesmas manifestações observadas no médium Peixotinho e com os mesmos espíritos, apesar de não se conhecerem ou terem conhecimento da existência um do outro. A única diferença é que as materializações de Fábio eram opacas.

O trabalho de Peixotinho (ler artigo sobre Peixotinho)

Entre os vários casos relatados pela literatura espírita, um dos que mais impressionam, pela total autenticidade e abundância do fenômeno, é o de Francisco Peixoto Lins, médium que, segundo uma profunda análise dos relatos, foi alvo das observações de André Luiz em suas visitas de aprendizado em nosso meio.

No Brasil, não há registro de médiuns que provocassem materializações como as de Peixotinho. Muitos fenômenos foram observados, descritos e testados por várias pessoas de bem, cultas e estudiosas, além de terem sido acompanhados criteriosamente por um delegado de polícia da época, R. A. Ranieri, que publicou o livro Materializações Luminosas. Eram flores naturais e orvalhadas que apareciam em abundância do nada, luvas e flores moldadas em parafina, moldes do rosto de espíritos, materializações completas e incompletas (apenas o busto) de entidades, apport de pedras de diversas localidades do planeta, chuvas de flores e pétalas naturais, brisas suaves e frescas, perfumes deliciosos, vozes (garganta ectoplasmática) e escritas diretas, biombos e cadeiras que levitavam, fabricação de remédios homeopáticos, surgimento de água mineral francesa, letreiros luminosos com frases inteiras ditadas no exato momento pelos participantes, além das curas e tratamentos inacreditáveis que ocorriam todos os dias.

Era um verdadeiro espetáculo a cada sessão. Em uma única reunião, chegaram a moldar cerca de 100 flores em parafina. Para distrair os participantes e evitar que suas mentes divagassem por outras paragens, as entidades usavam a música como recurso. Tocavam violão e espíritos dançavam. Letras e músicas de hinos eram enviadas por escrita direta, isso quando não era eles mesmos que se sentavam à mesa e tomavam a caneta comum para escrever. Sempre se ouvia no ambiente, com perfeição e nitidez, os sons produzidos pelos espíritos corporificados, seus movimentos de ir e vir da cabine, dirigindo-se ao balde de parafina fervente, e o som típico do molhar das mãos em água fria para resfriar e endurecer as moldagens.

O início dos trabalhos era marcado por um sinal: o apport de uma ou várias pedras que surgiam do nada. E uma voz a enunciar o êxito ou não da sessão sempre era ouvida no final. Muitas vezes, por meio da voz direta, diziam que não tinham conseguido o objetivo esperado e, ao se acenderem as luzes, botões de rosas, cravos, margaridas ou outras flores eram encontrados, ofertados pelos espíritos aos presentes.

Os mentores explicavam que extraíam energia ectoplasmática dos médiuns para tratarem os doentes. Explicavam também que as tarefas em torno da mediunidade são resultado de um trabalho de equipe, baseado na unidade de propósitos e capaz de formar um campo psíquico ou, como comumente se diz, uma "corrente de energias". Nesse campo, movimentam-se os fluidos por força da mente, que plasma e cria segundo as determinações do espírito diretor ou controlador.

Ensinamentos dos espíritos

Segundo as entidades orientadoras, o objetivo dos fenômenos mediúnicos é despertar, aprender e curar, como no caso de Peixotinho. Dois fatores ficaram bem evidenciados: a necessidade do constante estudo das instruções contidas em O Livro dos Médiuns e o aprendizado do trabalho em grupo, demonstrando que a mediunidade voltada para as instruções espíritas exige mentalidade de equipe, atenção, estudo, respeito e, consqüentemente, espírito de participação.

Constantemente, os espíritos orientavam os presentes para eliminarem a curiosidade e mentalizarem os doentes ordenadamente, ajudando-os nos processos de tratamento. Explicavam que a base do fenômeno está na mente e que essas energias sutis são extremamente sensíveis ao pensamento. Por isso, a postura mental do grupo era fundamental.

Certa ocasião, sugeriram que contos espiritualizados, canto de hinos e leituras do evangelho, entre outros, fossem utilizados para auxiliar a manutenção da vibração positiva do grupo. Outra sugestão foi a de organizar grupos com um número reduzido de pessoas, pois o excesso de componentes com pensamentos e propósitos heterogêneos atrapalhava o êxito do trabalho. No início, eram os próprios espíritos que enumeravam aqueles que estavam aptos para participar das reuniões e os demais, que realizariam as visitas à casa dos doentes que seriam tratados à distância para "fazer ambiente".

Os espíritos insistiam nos ensinamentos, entretanto, a maior parte dos participantes se aglomerava em torno de Peixotinho, uma vez que aquilo lhes encantava os olhos ou lhes atendia os interesses mais imediatos. Nem sempre procuravam a essência, as causas e as conseqüências.

De todo esse universo de pesquisas e experimentos científicos sobre a existência, a atuação e as conseqüências das energias sutis do espírito através dos tempos, concluimos que, como o próprio Kardec nos ensinou, a maior ou menor incidência desses fenômenos físicos está diretamente relacionada à necessidade de despertamento da humanidade para o aspecto espiritual de sua existência. Portanto, observamos que, na atualidade, esses fenômenos se tornaram escassos devido à evolução do homem e sua condição no estágio seguinte a esse despertamento, que é o burilamento moral interior em direção à escala ascendente da evolução da humanidade.


Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição especial 05. Ao utilizar o texto, favor citar o autor e a fonte.

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